Teresa Dias/G1 MA
Um lixão para cada bairro. É esse o panorama da questão sanitária em São Luís. Os estudos coordenados pelo doutor em Saneamento Ambiental das Universidades Estadual e Federal do Maranhão, Lucio Antônio Alves de Macedo, revelam que todos os bairros da capital possuem um depósito ao ar livre a, no máximo, dois quilômetros de distância.
Ele classifica a situação como crítica e diz que 60% dos 350 bairros não têm estrutura para lidar com o montante de resíduos descartados. “São 1.350 toneladas de lixo produzidas pela cidade por dia, sendo 700 só de lixo domiciliar”, conta o especialista, que, nesta segunda-feira (29), será o principal palestrante de uma audiência pública na Câmara Municipal, convocada para discutir o assunto por iniciativa da vereadora Bárbara Soeiro (PMN).
Segundo o estudioso, apenas 75% dessa quantidade acaba efetivamente sendo recolhida. “São Luís cresceu muito nos últimos anos. Hoje, os lixões proliferam pela cidade”, acrescentou.
Problemas em aterro
Um dos aspectos que serão mostrados no estudo é a situação do único aterro sanitário da capital maranhense, o Aterro da Ribeira, que, de acordo com o especialista, está sobrecarregado. Segundo a prefeitura de São Luís, que administra o local, diariamente o aterro recebe 2.000 toneladas de resíduos sólidos.
Outro problema é sua localização próxima demais (7km de distância) ao aeroporto Marechal Cunha Machado, em desrespeito à legislação federal, que estipula uma distância mínima de 20 quilômetros entre aterros e aeroportos. Isto, inclusive, já motivou uma ação civil do Ministério Público Federal (MPF), pedindo a interdição do espaço. Já houve casos de choques entre aeronaves e urubus que freqüentam o aterro.
No ano passado, a Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa do Maranhão fez vistoria no local e, à época, constatou que o aterro cresceu sem planejamento, não fazendo levantamentos de questões básicas, como a capacidade de lixo suportada.
Ainda em 2012, a Prefeitura de São Luís garantiu o fechamento do Aterro da Ribeira em até dois anos. O lixo seria levado para o novo Aterro Sanitário de Rosário, que está em construção. O projeto segue a determinação da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, que estabelece o fechamento de todos os lixões a céu aberto até 2014 e terá investimentos de aproximadamente R$ 15 milhões, conforme a Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp).
No entanto, a previsão é que, mesmo após a desativação, o Aterro da Ribeira continue recebendo demanda de resíduos inertes, que não possuem ação poluente ao meio ambiente.
Também de acordo com a assessoria da prefeitura, para tentar diminuir o problema está prevista a criação de ecopontos, distribuídos em localidades estratégicas de São Luís. Eles servirão como pontos de depósito seletivo do lixo, com o objetivo de tornar a comunidade um agente na coleta seletiva de lixo.