Às vésperas da eleições municipais de outubro e o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), que buscará a reeleição, já vislumbra a implementação de um projeto audacioso e inédito na capital maranhense, em que a história da azulejaria se funde com a grandeza e fundação da cidade, conhecida internacionalmente pela tradição do uso de azulejos em seus casarões, igrejas e interiores de casas, que compõem o patrimônio arquitetônico e cultural do lugar.
Para isso, o primeiro passo deve ser dado na próxima quarta-feira, 21, quando São Luís receberá a mesa-redonda “O Lugar do Azulejo é no Museu? – As pesquisas sobre o patrimônio azulejar e o Museu do Azulejo de São Luís”, na próxima quarta-feira, 21, no auditório do Centro Administrativo do Tribunal de Justiça do Estado do Maranhão (Rua do Egito, Centro).
O evento é fruto da parceria entre Instituto Pedra e Prefeitura de São Luís, por meio da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico (Fumph), norteará a implantação do Museu do Azulejo, equipamento cultural dedicado a abordar a história do patrimônio azulejar no país, que será instalado na capital maranhense. O projeto é viabilizado por meio da Lei de Incentivo à Cultura, com patrocínio do Instituto Cultural Vale.
O debate, aberto ao público e com transmissão ao vivo pelo YouTube, será uma das atividades de desenvolvimento curatorial do novo Museu do Azulejo. Os interessados em participar podem fazer a inscrição pelo link abaixo até o dia 20 de fevereiro. Os participantes presenciais ou virtuais poderão solicitar certificado de participação.
- Link para inscrições (até 20/02): https://forms.gle/TonxUF6ngEUQJP7d8
Entre os assuntos a serem discutidos durante o evento estão os tópicos: “Qual é o desafio de um Museu do Azulejo frente aos outros tipos de museus?”, “Como abordar dentro do museu a história das oficinas, dos processos e dos agentes sociais relacionados à produção dos azulejos?”, “Qual pode ser o espaço da produção contemporânea de azulejos dentro do museu?”, “Como o museu pode ajudar a reinserir o azulejo na sociedade?”.
Para conduzir o debate, foram convidados renomados representantes deste segmento artístico, incluindo nomes internacionais, para darem suas contribuições. Participam do encontro Eliana Mello, especialista sobre o trabalho de Udo Knoff, renomado azulejista de origem alemã que passou grande parte da vida radicado em Salvador (BA); Alexandre Mancini, azulejista, pesquisador e criador da página Azulejaria Brasileira, no Instagram; Evandro Von Sydow, pesquisador sobre o uso popular e simbólico do azulejo; Alexandre Nobre, diretor do Museu Nacional do Azulejo de Portugal (POR); Kátia Bogéa, presidente da Fundação Municipal de Patrimônio Histórico de São Luís e ex-presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN - 2016-2019); Luiz Fernando de Almeida, diretor-presidente do Instituto Pedra, que coordena os trabalhos de implantação do Museu do Azulejo e ex-presidente do IPHAN (2006-2012).
Museu do Azulejo
O Museu do Azulejo será um equipamento cultural dedicado a abordar a história do azulejo, resgatando desde as suas origens até sua propagação em território brasileiro. A capital maranhense é conhecida pela tradição do uso de azulejos em seus casarões, igrejas e interiores de casas, que compõem o patrimônio arquitetônico e cultural da cidade.
O novo equipamento cultural abrigará acervo diverso, composto por peças de diferentes origens e períodos, além de artefatos, imagens e vídeos relacionados à sua produção e uso.
O espaço contará ainda com um programa de educação patrimonial com visitas guiadas, seminários e curso sobre a história do azulejo e aspectos técnicos relacionados à sua confecção, incluindo a origem de estilos e técnicas na azulejaria ao redor do mundo; o desenvolvimento da azulejaria em Portugal e sua introdução no Brasil; o desenvolvimento da azulejaria em São Luís e sua possível influência no uso de azulejos em fachadas em Portugal; e a produção da azulejaria moderna e contemporânea no Brasil.
O azulejo chegou ao Brasil por meio dos portugueses e teve nos casarões de São Luís sua aplicação mais relevante, com acervo remanescente dos séculos XVIII e XIX, fazendo da cidade a capital brasileira dos azulejos.
Mas as origens do azulejo no mundo remontam uma tradição muito mais antiga, desde, pelo menos, o século VII a.C., na Mesopotâmia e Pérsia antiga, onde hoje estão situados sobretudo Iraque e Irã. Uma cultura que se expandiu pelo norte da África e Europa e se projetou incorporando influências locais, criando em cada país suas características.