Flávio Dino e Márcio Jerry |
De O Estado
O governador Flávio Dino reagiu em tom jocoso sobre a farra de nomeações de parentes de seus auxiliares e aliados de altos cargos no governo do Maranhão. Em entrevista a uma revista de circulação nacional, disse ele que não evitaria a contratação de familiares de secretários por ser incapaz de "punir o amor".
Ou seja, em nome do "amor" vale tudo no governo fundado há 40 dias pelo PCdoB, partido que reinventa agora no Maranhão a faceta mais engenhosa da mitologia grega. Como semideuses, secretários poderosos invocam o espírito de uma Afrodite insaciável e-na companhia de esposas, cunhadas, filhos, irmãos, sócios e financiadores de campanha entregam-se sem a menor cerimônia ao desregramento no quarto escuro do serviço público estadual.
Não deve jamais o governador punir o imenso amor que, feito cólera, toma conta dos gabinetes da estranha república por ele proclamada do alto do Palácio dos Leões, no dia 1º de janeiro de 2015. Mas, ainda que seja inquebrantável o amor, pode Flávio Dino evitar a orgia do nepotismo mascarado e matreiro.
Senão é bem capaz de restar ao povo maranhense, no limiar dessa tragicomédia, o papel de Sísifo, aquele que, castigado pelo poder, passou a eternidade a carregar pedras morro acima.
O que se depura da entrevista final? Ou Flávio Dino blefa quando discorre sobre o amor ou ele, mesmo respondendo a perguntas sob sua encomenda, continua falando grego aos brasileiros.