EDITORIAL
Quem será que explicará a suspeita de um esquema criminoso no superfaturamento de máscaras de proteção, em tempos de combate à Covid-19, cuja Polícia Federal e a Controladoria Geral da União (CGU) desbarataram nesta terça-feira, 9, envolvendo a Prefeitura de São Luís e empresas contratadas?
Será que o próprio prefeito da capital, Edivaldo Holanda Junior (PDT), ou o secretário Lula Filho (Semus) podem dar explicações concretas e convincentes? Algumas denúncias de suspeição em superfaturamento de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) já haviam sido feitas pelo vereador Umbelino Junior (PRTB), que chegou a suscitar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara Municipal de São Luís para apurar o caso.
No entanto, investigações da PF e CGU foram ao centro da questão e desencadearam nesta manhã uma mega-operação para derrubar um suposto esquema fraudulento na compra de 320 mil máscaras de proteção para profissionais da saúde, com valores acima do normal.
A operação, batizada de "Cobiça Fatal", não poderia ter denominação mais adequada nesse momento da pandemia do novo coronavírus, quando milhares de pessoas, no mundo todo, estão morrendo, inclusive os profissionais da saúde que precisam de proteção individual na luta contra a Covid-19.
A PF mobilizou 60 policiais federais para cumprimento de três mandados de prisão temporária, 14 de busca e apreensão, além do sequestro de bens e bloqueio de contas de investigados no valor de R$ 2.306.600,00, soma relativa ao suposto superfaturamento na compra das máscaras.
As investigações verificaram fortes indícios de superfaturamento envolvendo a Secretaria Municipal de Saúde da capital maranhense. Pelos cálculos da PF, uma máscara, cujo valor médio de mercado é de 3,17, estaria sendo adquirida com preço de R$ 9,90.
Vale ressaltar que a operação também teve acesso a fartos documentos que demonstram que poucos dias, antes do processo de dispensa de licitação, a Prefeitura de São Luís, por meio da própria Semus, havia contratado o fornecimento de máscaras do mesmo modelo junto a outra empresa pelo preço de R$ 2,90 a unidade, totalizando R$ 980 mil. A diferença calculada no valor pago é de mais de 341%.
Também são alvo de investigações possíveis fraudes em processo licitatórios das empresas revendedoras de insumos hospitalares superfaturados nas cidades de Timbiras e Matinha.
A PF já sabe que a principal empresa investigada teria formalizado contratos, após dispensa de licitação, para fornecimento de insumos para o combate à Covid-19 nos municípios de Icatu, Cajapió, Lago do Junco e Porto Rico do Maranhão.
Os investigados, segundo a PF, devem responder por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, fraude em processo licitatório, superfaturamento na venda de bens e associação criminosa.