A saída do ministro das Comunicações e deputado federal licenciado, o bolsonarista Juscelino Filho (União Brasil), é dada como certa pela alta cúpula do Partido dos Trabalhadores. Tanto que a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu o afastamento do ministro, alvo de denúncias de irregularidades. Hoffmann disse, ao portal Metrópoles, que um pedido de afastamento do ministro, para explicar as denúncias em que tem sido envolvido, impediria o “constrangimento” do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Juscelino Filho tem sido alvo de diversas denúncias que colocam em suspeita sua capacidade de seguir no governo. No dia 2 de janeiro, o Metrópoles revelou que o ministro contratou a consultoria de uma ex-diretora do Tribunal de Justiça do Maranhão (TJMA) que foi condenada por fraudar a folha de pagamento da Corte.
Ainda no primeiro mês do ano, o Estadão mostrou que Juscelino também usou o orçamento secreto para asfaltar uma estrada que passa em frente à sua fazenda, no município de Vitorino Freire, no Maranhão. Também foi revelado pelo jornal que o ministro voou de avião da FAB para ir a um leilão de cavalos de raça. Nesta semana, o colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles, mostrou que Juscelino pressionou uma estatal a contratar uma empresa suspeita de irregularidades.
O ministro é o herdeiro de um clã maranhense cujo chefe político é seu pai e padrinho na política, o enrolado Juscelino Rezende, que controla politicamente a cidade de Vitorino Freire, no interior. Conforme mostrou a coluna nesta semana, ele é réu pelo assassinato de um agiota em Vitorino Freire, hoje governada pela irmã do ministro, e também foi acusado de cinco crimes pela CPI do Narcotráfico da Câmara.
“Acho que o ministro devia pedir um afastamento para poder explicar, justificar, se for justificável o que ele fez. Isso impede o constrangimento de parte a parte”, disse Gleise Hoffmann. O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, foi indicado pelo ex-presidente do Senado, Davi Alcolumbre, que se apresentou em dezembro a Lula como um negociador chancelado pelo União Brasil para decidir quem do partido iria para quais cargos no primeiro escalão.
Ainda sobre o União Brasil, Hoffmann disse que não é possível ter qualquer conversa com o senador Sergio Moro, senador pela sigla, mas disse entender que a sigla não vá ter a adesão de todos os seus quadros — situação semelhante à de Deltan Dallagnol, seu conterrâneo e colega na Câmara dos Deputados.
Juscelino Filho não foi o único integrante alvo do escrutínio da presidente do PT. Nesta quinta-feira, 2, a primeira parte da entrevista à coluna mostrou sua sinalização de paz para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que, segundo ela, está correto ao buscar uma mediação entre a visão desenvolvimentista do PT e de Lula e majoritariamente fiscalista do mercado.
Enquadrou ainda o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, por ter indicado ao Conselho de Administração da Petrobras nomes do Centrão com uma visão também distante da defendida por Lula na campanha. A deputada também pediu que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, saia do cargo.