Pacientes são acomodados em macas na recepção (Foto: Clarissa Carramilo/G1) |
Clarissa Carramilo
Do G1 MA
O maior hospital especializado público em atendimento de urgência e emergência da região metropolitana de São Luís, o Djalma Marques (Socorrão I), não está recebendo pacientes desde a noite de quinta-feira (7). De acordo com a direção do hospital, a emergência vai atender apenas os casos que envolvem risco de morte.
Do lado de fora do hospital, dentro de uma ambulância, Virgínia Oliveira e o filho Wendel Oliveira dos Santos, de 8 anos, tiveram atendimento negado no Socorrão I. Com o braço quebrado, o garoto foi encaminhado da UPA do Araçagi para receber tratamento adequado. "Tem mais de uma hora que a gente tá aqui e não tão querendo [deixar entrar]. Eu vou lá agora para saber o que tá acontecendo, porquê que não vai atender ele", indignou-se.
Também sem atendimento, a manicure Leudiane Morais teve que voltar para casa com o filho Joelison, de apenas 3 anos. A criança tem um cisto no olho esquerdo e precisa de uma cirurgia de extração, segundo a mãe.
"Eu falei com a enfermeira e ela disse que não podia atender porque não tinha médico. Agora eu vou voltar para casa. Fazer o quê? Tenho que ir para casa porque lá no Socorrão II não está podendo atender porque aqui que é especialista em criança e lá não tem pediatra cirúrgico. É um absurdo. Tá cheio de gente no chão. Tem uma velhinha se acabando de chorar lá no chão e eles dizem que não podem fazer nada, que é pra gente procurar a diretoria. Chegar lá, não tem ninguém da diretoria. A gente não pode fazer nada, só lamentar", disse Leudiane.
Esclarecimento
O G1 falou com o direitor do Socorrão I, Yglesio Moyses. Ele disse que o hospital passou a deixar de receber os pacientes na noite de quinta (7) devido à superlotação, já que o local possui 234 pessoas internadas para apenas 130 leitos. Com isso, os pacientes precisam ser acomodados em macas nos corredores e até na recepção. Mesmo assim, a direção revelou que não tem mais espaço nem macas para receber ninguém.
Questionado sobre se estaria negando atendimento, o diretor justificou a medida. "Não é negar atendimento. Nós estamos fazendo o tipo de atendimento que o hospital foi desenhado para realizar, o atendimento de casos graves. Nós estamos negando os casos que realmente têm condições de esperar, de ambulâncias, com médicos. Então eles não estão deixando de ser assistidos. Nós só pedimos que, como não temos como colocar o paciente aqui, que procurem realmente outras unidades, por isso. Não estamos negando atendimento. Nós só não temos condições de atender o que realmente não for emergencial. Isso está bem claro", explicou.
Por volta de 15h, a Prefeitura de São Luís enviou nota à redação. No texto, a assessoria do órgão esclarece a situação no Socorrão I. Confira a íntegra abaixo:
Em face da superlotação do Hospital Municipal Djalma Marques – Socorrão I, a Prefeitura de São Luís informa que a Secretaria de Saúde (Semus) adotou medidas emergenciais visando garantir o pleno atendimento aos pacientes.
Ainda na manhã desta sexta-feira, 8, o Serviço de Atendimento Móvel Urgência (Samu) iniciou a imediata transferência de 30 pacientes do Socorrão I para leitos de retaguarda no Hospital da Mulher e nas Unidades Mistas do Itaqui-Bacanga e do Bequimão.
A medida tornou-se necessária em razão do esgotamento da capacidade máxima do hospital. Atualmente, 234 pacientes estão internados, sendo em 130 leitos e 104 em macas.
A Prefeitura de São Luís informa ainda que todo serviço de pronto atendimento do Socorrão I continua sendo realizado normalmente.
A Secretaria de Saúde trabalha para ampliar o sistema de retaguarda do Socorrão I visando assegurar o atendimento eficiente de todos os pacientes. Para isso, contará com novos leitos a serem disponibilizados na Santa Casa de Misericórdia, Hospital da Mulher e Unidade Mista do Itaqui-Bacanga.
A Prefeitura de São Luís ressalta, por fim, que está em fase de estudo a solução a médio prazo para o problema de superlotação enfrentado pelo Socorrão I e Socorrão II, únicos hospitais públicos de urgência e emergência da capital. Com isso, solucionará definitivamente o antigo problema de pacientes internados em macas nos corredores destes hospitais.