Por Valquiria Santana- Jornalista
Quem me conhece sabe o quanto gosto de música e demais manifestações culturais. Como jornalista (há mais de 20 anos), com passagem por editorias de cultura de jornais locais, diversos cursos de gestão cultural, inclusive pelo MINC, sabe que divulgo nossa arte e cultura e hoje faço isso também na minha página no facebook.
Esta semana fui assistir a um show no Teatro Arthur Azevedo, convidada pelo meu marido Luiz Júnior Violonista, integrante da banda que tocou no teatro. Para minha surpresa, fui expulsa pela direção da casa (por meio de sua recepcionista) da área próxima aos camarins, instantes depois de chegar ao local e ter entrado sem qualquer impedimento, uma vez que estava acompanhada do meu marido.
Uma recepcionista me "convidou educadamente" a sair do local, alegando que por normas da casa "mulher de músico" (veja como o teatro vê os músicos de São Luís: uns nadinha) não pode entrar pela lateral do teatro, mesmo como convidada de quem vai participar do show. Obedeci prontamente a "ordem" e quando já chegava à porta de saída fui constrangida mais uma vez - e agora na frente de várias pessoas que ali estavam - pela mesma recepcionista que cheia de "poderes de direção do teatro" disse em alto tom e de forma humilhante que eu não deveria estar ali e que eu nem deveria ter entrado, ordenando-me novamente a sair (desnecessária essa execração pública até porque eu já estava me retirando sem qualquer discussão).
As demais recepcionistas a acompanharam sorrindo(um exemplo contrário de como deve ser o atendimento em um órgão público como é o caso do nosso teatro Arthur Azevedo, que, como determinam os princípios do bom atendimento no serviço público, as pessoas devem ser tratadas com urbanidade e presteza).
Sem mais delongas, deixo aqui meu protesto contra a forma com a direção do teatro, dirigido pelo produtor cultural e jornalista Américo Azevedo Neto, trata as pessoas que vão àquela casa de espetáculo, seja na condição de plateia, de artista ou de convidado; seja na condição de um profissional jornalista, que é um formador de opinião.
Não sei qual a orientação que é repassada pela direção da casa aos seus funcionários, também não sei a forma como as recepcionistas (um cartão postal do teatro; pessoas com quem o público tem o primeiro contato ao chegar ao local) são selecionadas e qualificadas para esse serviço.
Aprendi com meus pais, na minha formação escolar e acadêmica, que a boa educação manda que se deve tratar a todos com respeito e dignidade. Assim o faço, na minha profissão e na minha vida particular. E assim continuarei fazendo.
Como maranhense, jornalista e cidadã, sinto vergonha do despreparo das pessoas que são colocadas em cargos ou postos de trabalho de órgãos ou locais como teatros e outros espaços que deveriam (além de ser um espaço coletivo de produção de cultura e de sua difusão) ser uma vitrine de como deve ser o bom atendimento às pessoas e um modelo de gestão pública.
Desejo imensamente que nossa cidade cresça e elimine definitivamente essa prática ultrapassada de que "o cargo, a direção, o órgão público me pertencem, eu mando aqui, e o dirijo da forma que eu quiser". Desapeguem, por favor! Entendam que o cliente do serviço público é o cidadão, que paga seus impostos, os salários dos servidores públicos, dos gestores. Deixem dessa visão pequena de "vassalos e suseranos".