Por Mary Ferreira
Professora e integrante do Departamento de Biblioteconomia/UFMA
Hoje faz 90 anos
que conquistamos o voto. Se considerarmos que as primeiras manifestações pela
cidadania das mulheres foram iniciadas no início do Século XIX, então podemos
afirmar que são 200 anos de luta empreendidas pelas brasileiras.
Mas ao
observar os índices de violência cometidas contra nós nos parlamento,
percebe-se que é uma luta sem fim. Quantos anos ainda teremos que lutar para
ser respeitadas? Para ser ouvidas nos espaços de poder? Por que a fala das
mulheres não tem ressonância?
Por que após 90 anos da aprovação do voto não
ultrapassamos 15 % na Câmara Federal e somos tão poucas nas Assembleias
Legislativas. Nos meus estudos, tenho apontado que a cultura patriarcal impede
que a sociedade perceba as mulheres como sujeitos.
Isso explica em grande parte
o fato de se eleger poucas mulheres e essas poucas a maioria comprometidas com
projetos antifeministas. Como se explica por exemplo a solidão da Deputada
Daniela agredida e exposta pelo seu ex-marido, após a mesma se recusar a manter
uma relação de aparência? Como se explica que as vereadoras de Pedreiras não
manifestaram apoio a Vereadora Katyane Leite, agredida em plenária quando usava
a tribuna??
Muitas mulheres, assim como muitos homens, chegam ao poder pelas
mãos dos maridos, pais, tios, quando impossibilitados de se candidatar. A
Assembleia Legislativa do Maranhão tem inúmeros exemplos. Essa relação de
parentesco que move as relações parlamentares, interfere de forma direta nos
mandatos parlamentares, tornando o mandato como um instrumento da família/grupo,
fato que incide sobre a atuação d@s parlamentares.
No caso das mulheres, esse
problema é mais visível, tendo em vista a pouca inserção das mesmas nas lutas
feministas. Grande parte das parlamentares parecem desconhecer os 200 anos de
enfrentamento das mulheres por direitos e dignidade.
O que fazer?? Lutar para
eleger parlamentares que se disponham a abraçar as bandeiras feministas, que
compreendam a dimensão política da luta das mulheres, que não tenham medo de
defender e levantar a voz quando uma mulher é agredida pelo machismo que
perpassa todas as esferas sociais.
Isso poderia ser um princípio a ser definido
como uma das bandeiras para ser candidata. NÃO DEIXAR UMA MULHER SER EXPOSTA,
POIS ASSIM, TODAS ESTÃO SENDO TAMBÉM!