César Pires criticou índices apontados pelo Ideb |
As declarações foram feitas pelo parlamentar durante entrevista ao programa Portal da Assembleia.
“A falta de uma política voltada para a questão curricular e a capacitação do professor voltado para a aplicação daquele currículo são as maiores chagas que possuímos no nosso sistema de ensino. Ou se qualifica, se coloca o dedo na ferida de que o professor tem que ser não só bem pago, mas também tenha condições de trabalho, ou dificilmente o quadro muda”, afirmou o deputado.
Ex-reitor da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) e ex-secretário de estado de Educação, Pires foi enfático em realizar uma leitura bastante crítica da atual situação de ensino no Estado. “O Ideb avalia o sistema básico, que incluiu os ensinos fundamental e médio. Quando fui secretário, em 2009, ainda que timidamente, o Maranhão cumpriu a sua meta, mas nos últimos anos o Maranhão regrediu e é preciso se tomar uma atitude em relação a isso. Nós estamos assistindo ao longo desse tempo o Maranhão regredir no processo educacional e algumas medidas devem ser tomadas”, disse.
Pires apontou aspectos que podem contribuir para a diminuição desses índices. “É preciso ter um currículo e o Maranhão não tem um para o ensino médio. Depois você tem que capacitar os professores de uma forma geral, para que eles possam estar associados às disciplinas que venham a ministrar. Por exemplo, é inaceitável um professor de Pedagogia dar aulas de Física, Química, Matemática. Já fizemos um projeto tirando parte dos recursos das multas aplicadas pelo Detran, para que pague professores da rede para que sejam capacitados. Se isto não acontecer, nós vamos ter sempre este tipo de resultados”.
Outro ponto tratado pelo parlamentar na entrevista diz respeito às suas denúncias ligando prefeituras maranhenses a esquemas montados por agiotas. Neles, os alunos são os diretamente prejudicados. “Infelizmente a merenda escolar passou a ser um instrumento parapedagógico. O aluno chega na escola com fome. A merenda tem uma avaliação de R$ 0,16 a R$ 0,36. Se prevalecerem as informações que recebi da Secretaria de Segurança, de que há casos, das 87 prefeituras que tratei, que chegam só á boca dos alunos 20% desse valor. Ora, era pra ser gasto R$ 0,16, R$ 0,35 e só chega 20%, isso reflete na relação ensino-aprendizagem na sala de aula. O aluno com fome o cérebro não funciona”, explicou.
O deputado também destacou o bom trabalho efetuado no Liceu Ribamarense, escola pública maranhense com melhor desempenho no Ideb. “Qualquer escola de tempo integral é importante, porque há uma série de inovações. Os alunos aprendem em tempo integral, têm uma boa avaliação e os professores recebem um delta a mais para fazerem isso. Lá também existe um currículo aplicado que o sistema de avaliação faz isso, mas são casos isolados. Hoje, são quase 580 mil alunos, onde são avaliados o sistema quilombola, indigenista, que são extremamente precários, que ajudam a puxar os índices para baixo.
Com informações da Agência Assembleia