Tanto o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), quanto o ministro de Meio Ambiente, Sarney Filho (PV), aparecem com destaque na lista de mais de 500 políticos que o Ministério Público Federal (MPF) pretende cobrar a devolução de mais de R$ 50 milhões pelo uso indevido ou injustificado da cota de passagens aéreas da Câmara dos Deputados, entre os anos de 2007 e 2009.
Na relação aparecem oito ministros do presidente da República, Michel Temer (PMDB), governadores de três unidades da federação (Distrito Federal, Maranhão e Sergipe), ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), além de prefeitos.
No período apontado pela lista, todos eram deputados federais. A relação está sendo atualizada pelos procuradores e vai render ações de ressarcimento e improbidade contra ministros, governadores e parlamentares, entre outros. Quem devolver o dinheiro antes se livra de um processo, segundo a procuradora Sara Moreira Leite.
Segundo os procuradores, o valor se refere à soma dos gastos irregulares atribuídos a eles com passagens aéreas bancadas pela Câmara na chamada farra das passagens. As suspeitas recaem sobre os ministros Sarney Filho (Meio Ambiente), Ricardo Barros (Saúde), Bruno Araújo (Cidades), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Eliseu Padilha (Casa Civil), Raul Jungmann (Defesa) e Leonardo Picciani (Esporte).
Entre os ministros, Sarney Filho é alvo da maior fatura: R$ 182 mil por 337 voos. Desses, 18 foram para o exterior. Por meio de sua assessoria, o deputado licenciado do PV afirmou que não comenta “suposições” e que só vai se pronunciar perante a Justiça.
A cobrança do Ministério Público também será dirigida a três governadores: Flávio Dino (PCdoB-MA), Jackson Barreto (PMDB-SE) e Rodrigo Rollemberg (PSB-DF). Para os procuradores, eles devem, ao todo, R$ 291 mil utilizados indevidamente com a verba da Câmara, entre 2007 e 2009, quando eram deputados.
Apontado como beneficiário de R$ 151 mil com o uso não esclarecido de 222 bilhetes aéreos, Flávio Dino diz que todas as suas viagens tiveram como motivação o exercício do mandato, tal como preveem as regras da Casa.
“Jamais usei qualquer passagem para fins particulares. Jamais fiz viagens internacionais ou emiti passagens para familiares. Jamais fui notificado pelo Ministério Público a me manifestar sobre o assunto. Todas as verbas parlamentares foram usadas, de acordo com as normas, em atividades políticas, exclusivamente”, respondeu o governador.