EDITORIAL
A partir da próxima terça-feira, 5, São Luís e cidades da região metropolitana como São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa passarão a enfrentar o chamado Lockdown, ou seja, o bloqueio de todas as atividades comerciais não essenciais na tentativa de conter a escalada do novo coronavírus na Ilha.
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Juiz Douglas de Melo Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivos da Ilha de São Luís |
A surpresa veio na noite da última quinta-feira, 30, quando o juiz Douglas de Melo Martins, da Vara de Interesses Difusos e Coletivo, determinou a suspensão das atividades acatando um pedido do Ministério Público Estadual (MPE), cuja ação foi assinada por quatro promotores da Defesa da Saúde da região metropolitana.
Não tenha dúvida que a medida judiciária foi um tapa na cara tanto do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), e do prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Júnior (PDT), que perceberam o crescimento da Covid-19 na capital maranhense e deixaram de se antecipar à decretação do lockdown, o que poderia ter evitado a saturação de leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) e novos registros de óbitos pela doença.
Após o caldo derramado e a emergencial e providencial determinação judicial, o governador se manifestou nas redes sociais e disse que acatará a decisão. Não poderia ser de outra forma o entendimento de um ex-magistrado, até porque decisão da Justiça é para ser cumprida. O prefeito da capital vai a reboque, como sempre faz.
Enquanto isso, o juiz Douglas Martins, que age mais que os Executivos estadual e municipal, disse que fundamentou sua justificativa para decretar o lockdown com base em dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que revela que o Maranhão e, em especial São Luís, mostram-se numa curva vertiginosa e ascendente da pandemia do novo coronavírus, com riscos à saúde e à vida.
"As medidas adotadas até agora foram insuficientes para convencer as pessoas, só as medidas de convencimento, de educação, não funcionaram. Metade da população está levando a sério aquilo que está sendo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Ministério da Saúde e pelos órgãos de saúde. Metade da população está brincando sobre este assunto. Por isso, o MP propôs essa ação e por isso, o Poder Judiciário decidiu, determinando medidas mais fortes, para que as pessoas levem a sério, cumpram aquilo que pode salvar a vida das pessoas. Nós não estamos tratando de uma brincadeira, nós estamos tratando de uma pandemia que afetou todas as nações de forma drástica, nem a mais poderosa do mundo conseguiu responder a essa pandemia, sem as medidas de isolamento social", declarou o juiz indignado com as velhas retóricas políticas.