Nesse instante, um “povo heróico” viu o céu da pátria, às margens do Rio Ipiranga, brilhar à luz da liberdade. Os raios da “liberdade”. Parece muito poético, não?
Nosso hino nacional hoje costuma estar quase sempre associado a feitos memoráveis no futebol e no esporte em geral. É um novo papel dado a um símbolo que remete a um importantíssimo episódio de nossa história: a Proclamação da Independência.
Sob críticas até mais frequentes que a capacidade seleção brasileira tem tido de nos anestesiar, o hino nacional - e toda a mitologia por trás do Sete de Setembro - é hoje um alvo de permanentes questionamentos. E sobre isso, parece que a comunidade intelectual está de acordo: o hino nacional brasileiro é o exemplo vivo de como não enxergar a emancipação do Brasil.
Aquele dia no começo do mês de setembro estava longe de ser referido como um momento de heroísmo. Análises históricas do contexto social daquele "Brasil" sequer apontam a participação de populares no processo de emancipação. Outros estudiosos ainda insistem em desconstruir até aqueles mínimos detalhes do conhecido cenário de um jovem imperador com uma bela espada, gritando de seu cavalo para declarar a liberdade da nação (não se iluda!).
É o roteiro perfeito de uma cena de teatro. Talvez não por acaso. Essa abordagem nunca saiu das pinturas e relatos nacionalistas. A verdadeira história passa longe de um grito na beira de um rio. E compreender o Brasil sob uma perspectiva mais adequada exige visualizar a história de forma muito mais complexa do que costuma-se pensar.
Podemos começar implodindo qualquer vestígio de sentimento patriota naquele Brasil de 1822. Éramos colônia: um território descentralizado com muito bem definidos compromissos econômicos com Portugal.
Cada fatia daquela colônia se desenvolveu isolada por muito tempo. E como se pode perceber até hoje, costumes distintos se consolidaram em cada região. Ainda é muito mais fácil reivindicar-se pernambucano (ou carioca, ou catarinense, por exemplo...) do que brasileiro. Para Portugal não era interessante conectar seus domínios coloniais, isolá-los era uma forma de enfraquecer qualquer conspiração.
Tiramos daí que a nação brasileira não nasceu com a independência. Por outro lado, talvez essa data seja o marco do início da busca que ainda vivenciamos nos tempos atuais. Afinal: o que é ser brasileiro? Não espere que este texto responda. Com muita pesquisa, e um bom faro, um historiador de sucesso conseguirá dizer justamente o contrário.
Com informações do portal História Ilustrada
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