Jornalista Décio Sá |
A Justiça começa a ouvir nesta segunda-feira (6) os envolvidos no assassinato do jornalista Décio Sá,42 anos. As 55 pessoas prestarão depoimento na 1ª Vara do Tribunal do Júri, no Fórum Desembargador Sarney Costa, no Calhau, em São Luís.
Depois de um ano de investigação do assassinato do jornalista, 13 pessoas foram indiciadas por envolvimento no crime, entre elas, o assassino confesso Jhonatan Sousa Silva e os acusados de serem os mandantes o empresário Glauco Alencar e o pai dele, José de Alencar Miranda. Todos estão presos desde o ano passado.
As investigações apontaram que os envolvidos faziam parte de uma quadrilha de agiotas, que emprestava dinheiro para financiar campanhas de candidatos a prefeito que pagavam a dívida com dinheiro público quando venciam as eleições.
A Polícia diz que o grupo de agiotas tinha ligações com pelo menos 41 prefeituras maranhenses, no período de 2009 a 2012. Cerca de R$ 100 milhões teriam sido desviados. A Polícia Federal também investiga a quadrilha pelo desvio de recursos federais.
“O que se constatou pela Operação Detonando é que muitos dos recursos empregados nessa prática de agiotagem eram recursos públicos federais. Então o que vem para a Polícia Federal agora é pra apurar o desvio do recurso público federal que, infelizmente, é uma prática comum e corriqueira no Estado”, completou o superintendente da Polícia Federal, Cristiano Sampaio.
De acordo com a Polícia Civil, as investigações apontaram que havia indícios da participação de um delegado federal no esquema. A Polícia suspeita que Pedro Meireles montava operações para pressionar prefeitos que não pagavam os agiotas.
O nome do delegado chegou a ser citado em grampos telefônicos que monitoravam a quadrilha. O advogado do empresário Gláucio ligou uma mulher identificada como Andrea, que, na época, era namorada do delegado Pedro Meireles.
Ronaldo: “E aí tudo bem?”
Andrea: “Tudo bom”
Ronaldo: “Naquela hora eu não pude falar contigo porque eu ‘tava aperreado’ com aquele negócio lá, viu?”
Andrea: “Eu imagino. Por isso que eu também não te liguei naquela hora”
Ronaldo: “Pois é, cara... Eu... tá todo mundo aqui surpreso com isso, viu?”
Andrea: “Ronaldo, me desculpe, mas eu acredito que tenha feito. A minha surpresa é que eu não imaginava que ele fosse capaz de fazer isso, mas me desculpe, você, Pedro... Ninguém me engana que vocês todos estão enrolados. E o Gláucio era o mais de todos”
Ainda de acordo com o superintendente Cristiano Sampaio, ainda não há fatos que possam comprovar a participação do delegado no esquema, que sejam suficientes para que ele fosse afastado das funções. Pedro Meireles continua trabalhando na Polícia Federal como chefe da delegacia de crimes de assaltos a banco e crimes contra o patrimônio.
“Existe um trabalho de apuração para que a gente possa definir a responsabilidade, só que como o trabalho está em curso, a Polícia Federal normalmente não fala das investigações. Tão logo elas sejam concluídas, a Polícia Federal fará uma manifestação pública sobre isso”, disse.
Ainda de acordo com as investigações, outros policiais também são suspeitos de fazer parte da organização criminosa. Os policiais civis Alcides Nunes da Silva e Joel Durans Medeiros, da Superintendência de Investigações Criminais (Seic), justamente o departamento que investiga os agiotas. Os dois foram transferidos e continuam trabalhando normalmente.
O capitão da Polícia Militar, Fábio Aurélio do Lago e Silva, o ‘Fábio Capita’, está preso, também suspeito integrar o grupo e ter participação na morte do empresário de Teresina, Fábio Brasil. Apesar de preso, o PM continua recebendo salário.
A Polícia Militar do Maranhão informou que abriu um inquérito policial militar para apurar a conduta do capitão Fábio Capita. E o delegado da Polícia Federal, Pedro Meireles, não quis falar sobre o assunto.