“Mesmo sendo obrigação atuar igualmente, as possibilidades desta construção conjunta muitas vezes nos é negada. Dizem que fomos silenciosas historicamente, mentira, nós fomos silenciadas, mas sempre continuamos falando, embora muitas vezes não sendo ouvidas”, disse ela.
Cármen Lúcia também se manifestou sobre a questão da violência doméstica e lembrou que no Brasil, em 2023, foram notificados cerca de 1,7 mil feminicídios e outras 988 tentativas. “Esse país precisa que nós todos passemos a pensar sob o prisma da promoção da paz e não apenas do combate”, destacou.
A ministra ressaltou que hoje há 52 países em guerra e mais de 70 conflitos em todo o mundo e que, mesmo no Brasil, há conflitos graves em andamento. Pontuou ainda que uma das explicações para a ONU ter escolhido a data de 8 de março para o Dia Internacional da Mulher está relacionada ao movimento das mulheres russas que, em 1917, saíram às ruas de São Petersburgo pedindo pães para os filhos e paz para os homens que combatiam na 1ª Guerra Mundial.
“Como as mulheres russas, continuamos nós, mulheres brasileiras, em movimento por pães e paz. Nesse mundo faminto, e são tantas as fomes, odiento, cheio de guerras, as mulheres querem continuar a trabalhar para suprir todas as fomes, de justiça, de pães, de diversão, de todas as naturezas”, disse a magistrada.
Em recente solenidade no STF, Cármen Lúcia aproveitou para fazer uma homenagem às advogadas, promotoras de justiça, procuradoras e especialmente às juízas que, segundo ela, muitas vezes não podem ter uma promoção porque, diferentemente dos homens, ficam impossibilitadas de se deslocarem de comarcas para não deixarem de cuidar dos filhos.