Senador Aécio Neves (PSDB) em apoio explícito em 2014 ao governador Flávio Dino e ao vice, Carlos Brandão |
O senador e deputado federal eleito, Aécio Neves (PSDB), que já apoiou a candidatura do governador Flávio Dino (PCdoB) em 2014 no Maranhão, é hoje o principal alvo da operação Ross, deflagrada pela Polícia Federal nesta terça-feira, 11, que faz busca em endereços de políticos em oito estados e no Distrito Federal (DF).
As investigações partiram de um dos termos da delação do grupo J&F (controlador do frigorífico JBS), que teria feito pagamentos de R$ 110 milhões por interesse do tucano.
Segundo Ricardo Saud, ex-diretor do grupo, a JBS comprou apoio de 12 partidos para formar a coligação que apoiou Aécio nas eleições de 2014, na disputa para a Presidência da República.
Um dos partidos beneficiados, segundo a colaboração, foi o Solidariedade, que teria recebido R$ 15,27 milhões. O presidente da legenda, Paulinho da Força (SDD-SP), também é investigado na operação de hoje. Aécio acabou derrotado no segundo turno em 2014 por Dilma Rousseff (PT), no segundo turno, por uma diferença de 3,5 milhões de votos.
Aécio também teria, segundo Saud, recebido R$ 5,3 milhões em espécie, em setembro de 2014 (o dinheiro teria sido recolhido por Frederico Pacheco, o Fred, primo do senador), além de R$ 11 milhões em notas frias emitidas pela JBS contra três empresas.
A relação do tucano com a JBS já seria antiga. Segundo Saud, Aécio favoreceu o grupo enquanto era governador de Minas Gerias, liberando mais de R$ 24 milhões em créditos de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e prometendo atuar pelos interesses da empresa caso fosse eleito presidente.
O senador defende, em nota, que a delação tenta chamar de propinas o que teriam sido doações eleitorais legais e registradas nas eleições de 2014. O tucano informa ainda que "sempre esteve á disposição para prestar esclarecimentos e apresentar documentos", e que a investigação se baseia em declarações de delatores interessados em manter seus benefícios na Justiça. Aécio encerra no ano que vem seu mandato no Senado e passará a ser deputado federal. Em outubro, ele foi eleito em 19º lugar em Minas para a Câmara, com 106.702 votos.
Com informações do Congresso em Foco