Pesquisa Datafolha, divulgada no primeiro dia deste ano, revelou que o apoio ao regime ditatorial aumentou consideravelmente no Brasil, em 2019, com a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao Poder.
Segundo o coordenador executivo do Pacto Pela Democracia, Ricardo Borges Martins, entrevistado pelo portal Congresso em Foco, o ano que passou foi um ano de "testar as águas".
Para Martins, o principal risco é de corrosão do estado democrático de direito. “O principal risco que a gente tem é de uma corrosão aos poucos de fundamentos da democracia, do estado de direito, dos valores dos quais dependem a democracia, como a tolerância, a aceitação da divergência, perseguição constante ao oponente, a intimidação da imprensa, esses elementos que eu trago aqui, me parecem ameaças muito mais concretas”, afirmou.
No momento em que estouraram as manifestações no Chile, o deputado Eduardo Bolsonaro foi a Plenário da Câmara Federal com um discurso bastante incisivo.
“Não vamos deixar isso vir pra cá. Se vier pra cá vai ter que se ver com a polícia e se eles começarem a radicalizar do lado de lá, a gente vai ver a história se repetir, e aí é que eu quero ver como é que a banda vai tocar", disse o filho do presidente, defendendo a volta do Ato Institucional n° 5 (AI-5), que reprimiu as liberdades individuais dos cidadãos e impôs censura à imprensa.
Para Ricardo Borges, “vai ficando muito claro que o desejo dessas lideranças do governo é de um projeto muito personalista, portanto, muito pouco democrático. Que é muito bem representado pelo vídeo que Bolsonaro postou do leão, rei da selva, acuado pelas hienas, o rei leão que é que vítima de todas as instituições democráticas da imprensa, dos partidos, do STF, da OAB. É essa visão de país, de governo que essas lideranças têm”.
A sociedade civil tem se manifestado e se organizado. Martins analisa que a democracia já é um valor enraizado na sociedade brasileira “será defendida sempre que atacada”. “O Brasil vive este movimento de coalizões e frentes se formando, e coalizões plurais como precisa ser em defesa da democracia”, afirma.