De acordo com um estudo realizado por economistas do Itaú Asset Management, 57% do eleitorado brasileiro teria acesso à internet, incluindo nesse número pessoas mais novas e mais velhas. Tendo isso em vista, Segundo Mirella Sampaio e Felipe Tâmega, do Itaú, afirmaram à Bloomberg Brasil que existe sim o risco de notícias falsas influenciarem as Eleições de 2018.
Pior do que isso, segundo Sampaio é que os internautas brasileiros não parecem preparados para lidar com essa ameaça que ganhou tanta notoriedade nos últimos dois ou três anos. “Os eleitores não sabem onde conferir se as notícias são verdadeiras ou falsas”, diz.
Ela ainda comenta sobre as chamadas “câmaras de ressonância”, vulgarmente conhecidas como “bolhas”. Redes sociais tendem a prender usuários dentro de bolhas ou câmaras que concentram pessoas com pensamento e gostos similares. Assim, opiniões não encontram contraponto, somente apoio. Para os usuários dentro da bolha, a impressão é de que essas opiniões são o senso comum de toda a nação, uma vez que ele não ouve argumentos contra.
Ainda assim, sempre existe a possibilidade de determinado assunto escapar de uma bolha e acabar na agenda pública. “Brasileiro gosta de notícias, interage mais, compartilha com amigos. A impressão que nos dá, principalmente colocando WhatsApp na análise, é de que o potencial para notícias falsas ou verdadeiras ecoarem mais fora das câmaras de ressonância parece maior no caso do Brasil”, comentou Tâmega.
Bots e impulsionamento pago
Além das notícias falsas, existe ainda o perigo dos bots, softwares automatizados para disseminar em massa conteúdo partidário em redes sociais, a fim de influenciar a discussão política sobre determinado tema. Só no Twitter, cerca de 20% de todas as mensagens de apoio a políticos podem ser, na verdade, interações falsas feitas por bots de acordo com estudo da FGV.
Outro ponto de preocupação é o fato de o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ter liberado para este ano a possibilidade de campanhas políticas comprarem “impulsionamento” de postagem em redes sociais para divulgação de suas ideias. As chances de esse tipo de postagem paga deixar as câmaras de ressonância ainda mais fechadas é alta.
É interessante também fazer um paralelo com o escândalo da Cambridge Analytica no Facebook, no qual 87 milhões de pessoas tiveram seus dados vazados e utilizados na campanha do atual presidente dos EUA, Donald Trump. Não há indícios de que algo parecido possa acontecer no Brasil nas Eleições de 2018, mas o impacto que esse vazamento ainda está tendo nos EUA é um exemplo de como o uso de redes sociais em campanhas políticas pode ser problemático.
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