O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para manter o ministro Alexandre de Moraes na relatoria do caso envolvendo a suposta trama golpista de 2022. Os ministros estão julgando um recurso apresentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que pediu o afastamento de Moraes do caso.
Relator do pedido, o ministro Luís Roberto Barroso, que preside a Corte, argumentou que a defesa de Bolsonaro foi superficial. “No presente caso, o pedido não deve ser acolhido. Isso porque não houve clara demonstração de qualquer das causas justificadoras de impedimento, previstas, taxativamente, na legislação de regência”, escreveu em seu voto.
Acompanharam o entendimento de Barroso os ministros Edson Fachin, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Cristiano Zanin e Dias Toffoli. Os demais ministros têm até o dia 13 de dezembro para apresentar os votos.
O julgamento acontece no plenário virtual, onde os ministros do Supremo registram seus votos em um sistema eletrônico, sem reuniões presenciais. No julgamento, há a possibilidade de um pedido de vista, para mais tempo de avaliação, ou de destaque, que levaria o caso ao plenário físico.
O objetivo do pedido é afastar Moraes, alegando que ele é parte interessada nos processos e estaria impedido de atuar, relatar ou julgar os casos. Transferir a responsabilidade para outro relator seria a solução, na avaliação das defesas do ex-presidente, do ex-assessor do próprio Moraes, Eduardo Tagliaferro e dos envolvidos nos atos antidemocráticos do 8/1.
A defesa de Bolsonaro protocolou o pedido em fevereiro deste ano, durante as primeiras operações da Polícia Federal (PF) relacionadas com a investigação de tentativa de golpe. De acordo com a defesa do ex-presidente, o ministro teria admitido ser vítima dos eventos sob investigação, o que, na visão dos advogados, comprometeria sua imparcialidade por estar envolvido diretamente no inquérito.
Ainda em fevereiro, esse recurso já havia sido negado pelo ministro Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, em uma decisão monocrática. “Os fatos narrados na petição inicial não caracterizam, minimamente, as situações legais que impossibilitam o exercício da jurisdição pela autoridade arguida”, afirmou Barroso, destacando ainda que não foi demonstrada nenhuma das causas previstas em lei que justificariam o impedimento.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) também manifestou concordância com Barroso em parecer emitido em 11 de março. A Procuradoria argumentou que a defesa de Bolsonaro não apresentou elementos suficientes para comprovar que Moraes estaria diretamente impactado no caso. Segundo o órgão, a ação não tem uma vítima individualizada, pois os ataques investigados têm como alvo instituições como o Poder Judiciário e o sistema eleitoral, visando descredibilizá-los.
“No recurso, limita-se a afirmar que ‘o Ilmo. Ministro Relator – ora autoridade arguida – se vê e assim se descreve como vítima direta das condutas investigadas’, sem observar que as condutas investigadas têm como sujeito passivo a coletividade, não uma vítima individualizada”, concluiu a PGR.
Em agosto, Barroso também decidiu rejeitar o pedido feito pela defesa de Eduardo Tagliaferro para remover o ministro Alexandre de Moraes da relatoria do inquérito que investiga o vazamento de conversas de Tagliaferro enquanto ele era assessor no TSE.
As defesas de Bolsonaro e Tagliaferro, então, recorreram e os casos agora serão analisados pelos demais ministros da Corte.
Da IstoÉ com Estadão
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