As avaliações sobre a passagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Nordeste, em especial pelo Maranhão, confirmam a ampla frente político-partidária que o petista pretende reunir, num só palanque eleitoral para as eleições gerais de 2022, mesmo sob as constates ameaças de golpe à democracia pelo presidente Jair Bolsonaro e de não haver a realização do pleito.
Desde que desembarcou em terras gonçalvinas, na noite da última quarta-feira, 18, o ex-presidente Lula cumpriu extensa agenda, tendo se reunido com lideranças diversas do PSB, PSDB, PDT, MDB e até PSOL.
Sua recepção calorosa em São Luís, capital do estado, não podia ser diferente, pois um dos principais aliados da atual esquerda é o governador Flávio Dino do PSB, partido que tem sido cortejado a formalizar aliança, com espaço até para composição de chapa a vice-presidente. No entanto, Dino garante que sairá candidato ao Senado da República, no ano que vem.
Na esteira de apertar as mãos do governador socialista, Lula também cumprimentou com reverências o antagonismo liberal, ideológico e partidário do PSDB do vice-governador Carlos Brandão, pretenso candidato à sucessão de Dino para comandar o Palácio dos Leões e dar prosseguimento ao espólio político dinista.
Sem se intimidar com disputas internas palacianas, Lula estendeu a mão e fez elogios ao jovem senador Weverton Rocha (PDT), que trava um fogo-amigo contra o tucano Brandão na corrida sucessória aos Leões. O petista deixou nas entrelinhas que pretende ter o senador em seu palanque para 2022, mesmo que o PDT venha ter Ciro Gomes como presidenciável.
Sarney e o MDB- Em sua passagem de três dias pelo Maranhão, Lula não poderia deixar a Ilha do Amor sem cumprimentar o velho amigo e também ex-presidente José Sarney e sua filha, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), além do ex-ministro Edison Lobão e o ex-senador João Alberto Souza. Não resta dúvida que nessa nova jornada, o apoio do MDB é essencial para estabelecer uma forte candidatura plural.
Antes de deixar o estado e voar para o Ceará, Lula ainda teve tempo para conversar com representantes do PSOL, partido da ultra-esquerda que pode apoiar uma candidatura do ex-presidente, pela primeira vez, desde que a legenda surgiu em 2004, numa dissidência do próprio PT.
Como se pode observar o recado de Lula é abrir caminhos de diversas matizes para enfrentar os arroubos dos atos antidemocráticos no Brasil.