Sinésia Isidora de Melo confirma as denúncias |
Segundo a denúncia da família, o deputado estadual Raimundo Cutrim teria se apoderado de 68 hectares de terra – herança de família – utilizando documentos falsos.
A proprietária do terreno, Sinésia Isidora de Melo, 69 anos, disse que a documentação foi toda falsificada no cartório do 1º Ofício Extrajudicial de São José de Ribamar, que na época tinha como responsável o atual secretário extraordinário de Assuntos Estratégicos do Governo do Estado, ex-deputado estadual Alberto Franco.
Segundo a idosa, Raimundo Cutrim teve apoio do delegado aposentado Sebastião Justino. “Sebastião Justino vinha muito na minha casa, era meu amigo e eu confiava nele”, afirma a aposentada.
Ainda segundo a aposentada, para passar o terreno para o seu nome, o deputado Raimundo Cutrim teria utilizado uma procuração falsa. A procuração foi outorgada no mês de julho do ano 2000 por Antonio Claudino da Silva. “Antonio Claudino morreu em 1997 e a procuração foi assinada em 2000”, afirma Sinésia de Melo.
O corretor de imóveis, Sebastião Cardoso Filho, que é procurador da família Melo garante que o cartório sabia da fraude. “O cartório sabia de tudo porque quando Cutrim veio falar comigo, que queria a escritura definitiva do terreno para poder aprovar um projeto, para receber um financiamento pra poder pagar os herdeiros e a minha comissão, eu disse pra ele que era impossível porque tinha que primeiro fazer o inventário. Ele disse que pra eu não me preocupar que ele dava um jeito. Ele me disse que tinha um amigo que ia fazer a escritura e que só era preciso eu comparecer no cartório para assinar a documentação”, afirmou o corretor.
O documento que autorizou a venda da terra, segundo o corretor, foi assinado em um restaurante da cidade de São José de Ribamar. “Foi assinado no restaurante Mar e Sol. Estavam lá o deputado Cutrim e o senhor Alberto Franco. Uma pessoa do cartório foi lá no restaurante levar o livro para eu assinar”, concluiu Sebastião Cardoso.
O deputado Raimundo Cutrim ia prestar depoimento na sexta-feira (10) à Comissão de Delegados que investiga crimes de grilagem de terra no Maranhão. O depoimento estava marcado para acontecer na Assembleia Legislativa, mas foi adiado para a próxima semana a pedido de um dos delegados da comissão.
Quem, também, vai ser chamado para dar explicações a polícia é o secretário de Assuntos Estratégicos e ex-deputado estadual, Alberto Franco. Segundo informações da polícia, Franco era responsável pelo cartório em São José de Ribamar onde várias escrituras de terras foram legalizadas.
Defesa- A assessoria do deputado estadual Raimundo Cutrim foi procurada, mas não atendeu às ligações. Em nota, o secretário Alberto Franco informou que está à disposição da comissão de delegados que investiga a grilagem de terras.
O secretário rechaçou as denúncias e disse que se algum crime foi praticado, o cartório em que ele trabalhava também teria sido vítima dos falsários. Já o delegado aposentado, Sebastião Justino, informou que apenas apresentou o deputado Raimundo Cutrim ao procurador da família. Ele nega ter facilitado a grilagem de terras na área ou qualquer outro crime praticado.
A comissão que investiga os casos de grilagem de terras no Maranhão foi formada após o assassinato do empresário Marggion Lanyere Andrade. O crime ocorreu em outubro do ano passado.
O empresário foi enterrado em uma cova rasa em um terreno, no bairro Araçagi. O ex-vereador de Paço do Lumiar, Júnior do Mojó, e o corretor de imóveis, Elias Orlando Nunes Filho, foram apontados como os mandantes do crime, mas estão foragidos. Apenas os executores foram presos até agora.
A comissão que investiga crimes de grilagem é presidida pelo delegado Carlos Alberto Damasceno.
Com informações do Imirante
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