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sábado, 24 de junho de 2023

Especialista vê desequilíbrio em abordagem da imprensa sobre submarino Titan


Nas últimas semanas, duas tragédias marítimas ganharam repercussão mundial. Cinco pessoas morreram enquanto faziam uma expedição turística,  em um submarino, próximo aos destroços do navio Titanic, que naufragou no início do século passado, mais precisamente no ano de 1912.

No Mar Mediterrâneo, próximo à Grécia, um navio com imigrantes vindos da África naufragou, deixando ao menos 78 mortos. No entanto, sobreviventes relatam que a embarcação transportaria centenas de pessoas.

Nos jornais, portais de notícia e na televisão, estão disponíveis informações sobre quem eram os milionários que estavam a bordo do submarino, detalhes sobre como era feita a viagem, além de uma cobertura diária dos esforços de resgate. No caso do barco dos migrantes, não foram feitos perfis dos sobreviventes ou sequer foram divulgadas as nacionalidades daquelas pessoas.

“Dos imigrantes africanos você não tem a individualização, não tem a história daquelas pessoas - porque elas estão fazendo aquilo, qual é a razão que leva ao desespero de enfrentar aquelas condições previsivelmente trágicas”, enfatiza o jornalista Laurindo Lalo Leal Filho, professor aposentado da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo.

Para o especialista, o fato dos dois acidentes terem ocorrido com proximidade temporal deixa explícita a diferença de tratamento da mídia em relação aos dois casos. “O fato deles acontecerem de forma simultânea evidencia o tratamento desigual que se dá quando as vítimas de um acidente são integrantes de classes sociais diferentes”, destaca.

Ele pondera que os elementos pouco usuais da viagem dos milionários ao fundo do mar para visitar o cenário de uma antiga e conhecida tragédia acaba atraindo a cobertura para esse fato. Porém, mesmo assim, Lalo avalia que há uma desmedida no tratamento das situações. “O caso da nave do Titanic foi uma experiência inusitada. Isso, realmente, do ponto de vista jornalístico, merece um destaque. Não na dimensão como vem sendo feito”, analisa.

Do outro lado, a repetição dos acidentes que matam migrantes no mar na tentativa de chegar à Europa acaba, segundo o jornalista, tendo um efeito contrário nos meios de comunicação e na opinião pública. “A morte de imigrantes vem virando rotina, por mais terrível que isso possa parecer. Ela praticamente deixa de ser um assunto novo para o público, infelizmente”, contrapõe.

Com informações da Agência Brasil

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